Amanhã, a partir das 10h, na
Praça Zé Garoto, terão início as comemorações pelo “Centenário do Prefeito
Joaquim Lavoura”. O idealizador do projeto é o comunicador Frederico Carvalho,
dono da TV Ponto de Vista.
O Território Gonçalense
entrevistou esse gonçalense que é apaixonado por São Gonçalo para conhecer um pouco mais sobre sua trajetória na área da comunicação e saber sua opinião sobre Lavoura e da política atual de nossa cidade.
Confiram abaixo:
Vagner Rosa: Você nasceu em São Gonçalo?
Frederico Carvalho: Nasci, por falta de vagas, no Município, em solo Niteroiense. Mas fui registrado aqui, com dois dias de nascido. Morei, na minha primeira infância, nos fundos daquela casa azul onde hoje é a ABREAE, na Rua Dr. Nilo Peçanha, 151.
Vagner: Você morou um período fora de São Gonçalo. O que motivou a voltar à
cidade?
Frederico: Mesmo quando estava em Niterói, não conseguia me desvencilhar
daqui. Fui daqueles que acharam que não havia melhor lugar para começar a ser
próspero como Niterói. Só que uma coisa dentro de mim dizia que era aqui que eu
devia estar. Larguei tudo o que tinha por lá, comprei uma casa aqui e não mais
desgrudei.
Vagner: Sua carreira profissional está fundamentada na área da Educação.
Como você foi parar no rádio?
Frederico: Nunca deixei a educação. Normalmente as pessoas me conhecem como
“Professor Frederico”, porque estou nisso desde os 16 anos. Fui parar no rádio
porque eu tinha consciência de que educar em sala de aula não era páreo para o
que eu chamava de deseducação da grande mídia. E eu sentia que, por mais que
trabalhasse, era difícil que o jovem percebesse os valores que o seu professor
tentava passar. Aí apareceu a primeira oportunidade, numa rádio de poste (a
Difusora Venda das Pedras – Itaboraí) no início dos anos 80. Eu fazia o
Programa Ponto de Vista aos sábados à tarde, com música, informação e
entrevistas. E descobri que poderia ajudar a formar opinião com mais facilidade
do que no microcosmo da sala de aula. E ainda é assim: o Professor Frederico
nas escolas não consegue a sombra do resultado que o Comunicador Frederico
consegue. E o que é mais interessante: ambos falam a mesma língua, com os
mesmos exemplos e a mesma entonação vocal. Só que um é formalmente um educador
e não impacta. O outro tem a mídia como instrumento. E isso muda tudo.
Vagner: Em quais emissoras você já trabalhou?
Frederico: Passei por várias emissoras, entre elas a antiga Rádio Líder, Rádio
Virtual, Rádio Objetiva, Rádio Evidência e Rádio Difusora Aliança.
Vagner: Você agora tem o seu próprio canal de comunicação. Em que momento
surgiu a ideia de criar a TV Ponto de Vista?
Frederico: Surgiu no meio de uma grande depressão. Eu estava só, em casa, num
feriadão bem grande. Todo mundo viajando e eu quieto, na casa quieta,
vizinhança quieta, telefones quietos e eu na frente do computador. Peguei uma
garrafinha de água (não vivo sem uma do lado) e comecei a escrever. Acho que
escrevi uns três dias seguidos e, ao final, já tinha o projeto pronto para uma
rádio, que nem nome tinha e que deveria ser educativa. Apresentei a algumas
escolas que gostaram mas não queriam investir. Acabei encontrando quem apoiasse
a iniciativa, quase três anos depois. Resolvi que funcionaria como Rádio e TV.
Tanto que posso, tranquilamente, ter programações distintas, no mesmo horário.
Depois disso, as formalidades: cria empresa, monta isso, compra aquilo... até
que o SINEPE-SG me cedeu as instalações que eram de meu próprio escritório.
Isso facilitou muito e hoje somos parceiros.
Vagner: Como tem sido o retorno dos internautas telespectadores?
Frederico: Maravilhoso! Fazemos auditoria pelo Google Analytics e o
resultado tem sido fantástico para a Internet. A TV Ponto de Vista é assistida
e até, comercialmente monitorada, por vários lugares do Brasil e do mundo.
Vagner: Por conta das redes sociais, dos sites e blogs, percebe-se que o
gonçalense hoje está discutindo mais a cidade. Você concorda que o gonçalense
está mais politizado?
Frederico: As novas gerações me surpreendem a cada dia. Quando me conscientizei
que meu lugar era São Gonçalo, não podia imaginar que já havia pessoas pensando
da mesma forma. São Gonçalo precisa de uma guinada em busca do progresso
material, mas não pode ficar fora do progresso educacional, cultural, esportivo
e de lazer. Os Gonçalenses de nascimento e de coração precisam ser tratados com
amor. E esse amor eu traduzo como melhoria de condições de vida e do ambiente
em seu entorno. São Gonçalo estava cinzento e acanhado. Aos poucos há de ficar
“erguido nos encantos de aquarela” como escreveu o grade Mestre Geraldo Lemos,
no Hino da Cidade. E a conscientização do povo tem tudo a ver com isso. Além
disso, as redes sociais, sites e blogs, como o próprio Território Gonçalense,
empolgam o munícipe e o estimulam a dar a sua opinião. Isso é participação!
Vagner: E por falar em política, você que é o presidente do projeto
“Centenário do Prefeito Joaquim Lavoura”, que homenageia o político mais
popular que São Gonçalo já teve em todos os tempos, um ícone de honestidade; na sua opinião, seria fácil
para Lavoura governar nos dias de hoje, considerando que a política atual é bem
diferente de sua época?
Frederico: Não mesmo! Se naquela época os interesses de muitos já estavam acima
dos interesses da população, imagine atualmente. Escrevi no blog da TV e no do
Centenário que Lavoura era um político “improvável” já na sua época. Penso que
nos dias atuais, ele teria muito mais dificuldades de se movimentar. Mas ainda assim,
eu votaria nele como votei muito em seu grupo (nunca votei nele porque quando
ele morreu eu tinha 15 anos). Com certeza, se não conseguisse mobilizar os
políticos, facilmente mobilizaria a população. E, no fundo, é ela quem decide,
por meio do voto.
Vagner: Você acredita que ainda é possível surgir um outro “Lavoura” na
política de São Gonçalo?
Frederico: Não creio. Ser Lavoura não é parecer com ele ou ter uma ou outra
característica do mesmo. Lavoura foi único! Pegava na picareta, subia no trator
e era honesto. Osmar, Hairson e Zeyr Porto, que foram prefeitos e seus
discípulos, eram empreendedores e honestos, mas jamais se envolveriam no
trabalho braçal diretamente. Esse modelo não cabe mais nos dias de hoje. Mas é
possível que se encontrem homens honestos, competentes e perspicazes na
política como Lavoura. Mas ainda assim não se parecerão com ele. Ele foi único.
Vagner: Embora ainda seja cedo para fazer uma avaliação concreta do Governo
Mulim, o que você está achando da administração do novo prefeito? E o que
espera dessa nova gestão municipal?
Frederico: Neilton representou uma quebra de paradigmas. Ele nunca desejou
isso, tenho certeza, apesar de nunca termos conversado. Ele não desejou, mas
foi visto como candidato messiânico. Era ele ou a continuidade.
Penso que todo político que assume na condição de oposição acaba sofrendo muito
até poder engrenar. E esse é o caso de Neilton. Não percebi qualquer tipo de
descaso ou de menos valia com a coisa pública. O que ele tem é um emaranhado de
situações para resolver e em muito pouco tempo.
Comparo o atual momento ao ciclo de vida de uma árvore: primeiro precisa se
desconstruir o solo, por meio do arado, e só então semear. Este é o momento
atual. Agora é cuidar da mudinha, regá-la cotidianamente, acompanhar o seu
crescimento e ter consciência de que os frutos não nascem maduros. Neilton
precisa de tempo. Um tempo que ele mesmo sabe que não tem porque os problemas
não esperam. É preciso adubar logo a terra. Então, além de ter abraçado a
profissão de agricultor abnegado pelo crescimento do pomar, terá que ser um
excelente bombeiro para apagar todos os incêndios que forem acontecendo durante
a sua gestão e que não são poucos.
Vagner: E para encerrar, fale um pouco mais sobre os eventos comemorativos
do projeto “Centenário do Prefeito Joaquim Lavoura”.
Frederico: Por força do Decreto 26/2013, assinado pelo Prefeito Neilton Mulim,
já estamos no “Ano do Centenário do Nascimento do Prefeito Joaquim de Almeida
Lavoura”. Tenho a honra de presidir uma Comissão ímpar, formada por políticos,
jornalistas, historiadores, blogueiros, clubes de serviços, casas de cultura,
membros do Executivo e do Legislativo, ONGs, etc. Parece difícil, mas na
verdade, são pessoas com pensamentos baseados em pontos tão diferentes, mas que
convergem para o mesmo lugar.
Lavoura faria 100 anos no dia 4 de abril. E é nesse dia que, às 10h da manhã,
junto ao seu Monumento, na Praça Estephânea de Carvalho (Zé Garoto), haverá um
grande Ato Cívico, com a presença de autoridades, imprensa e do povo, que
Lavoura tanto amava. Depois de muito tempo, na presença de estudantes das redes
Municipal, Estadual e Particular de Ensino, teremos um hasteamento solene do
Pavilhão Nacional e das Bandeiras do Estado do Rio e de São Gonçalo, com
acompanhamento da Banda do Colégio Municipal Estephânea de Carvalho e do
magistral Coral Oficina, regido pelo Maestro Josias Freitas.
No dia 5 de abril, por iniciativa do Vereador Diego São Paio, haverá uma Sessão
Solene da Câmara dos Vereadores, na Ordem dos Advogados do Brasil, às 19h.
Também a Escola Municipal Joaquim Lavoura está programando várias ações, entre
elas uma palestra para seus alunos, uma no turno da manhã, com o ex-deputado
estadual lavourista Josias Ávila e outra à tarde, com o ex-assessor de imprensa
de Osmar Leitão e de Hairson Monteiro, Jornalista e Historiador Jorge Nunes.
No dia 1º de maio, em nosso blog: http://centenariodoprefeitojoaquimlavoura.blogspot.com.br,
estaremos lançando os regulamentos dos concursos Estadual de Trovas – comandado
pela União Brasileira de Trovadores (UBT) – e de Redação, comandado pela
Academia Gonçalense de Letras Artes e Ciências (AGLAC), para alunos do Ensino
Médio e de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental de todas as escolas gonçalenses.
As premiações ocorrerão no dia 20 de setembro, na chamada “Noite São Gonçalo”,
às 19h, no Centro Cultural Joaquim Lavoura.
Na mesma noite de 20 de setembro, teremos três palestras: Lavoura-pessoa, com a
professora Marlene Salgado de Oliveira; Lavoura-político, com o Desembargador
Jorge Loretti e Lavoura-administrador, com o ex-prefeito e ex-deputado federal
Osmar Leitão Rosa.
As homenagens só terminam por ocasião da data em que faria 38 anos de falecido
(12 de novembro), junto ao Mausoléu onde está enterrado Lavoura, no Cemitério
de São Gonçalo.
Vagner: Obrigado pela entrevista e sucesso para a TV Ponto de Vista e para o
evento comemorativo do Lavoura!
Frederico: Muito obrigado ao “Território Gonçalense” pela possibilidade de
podermos divulgar um pouquinho de São Gonçalo para São Gonçalo e para o mundo.
Gostei da entrevista! Torço para que todos os eventos em comemoração ao centenário de Lavoura sejam um sucesso, fazendo jus à admiração que a cidade tem ao ex-prefeito.
ResponderExcluirAh, gostaria de tirar uma dúvida: Lavoura foi mesmo citado por uma revista estadunidense como um administrador de destaque? Acho estranho este fato não ser ressaltado, afinal seria o maior reconhecimento do trabalho de Lavoura, e em nível internacional.
ResponderExcluirSe for mesmo verdade, será que alguém da comissão do Centenário tem esse material? Há alguns anos mandei um e-mail para a revista TIME falando sobre a reportagem, mas não recebi resposta.