Lamentavelmente, o Eldorado
prometido para a Região Leste Fluminense com a construção do Comperj não
aconteceu. Mudanças no projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e o
escândalo de corrupção na Petrobras frustraram a expectativa dos investidores e de todos que esperavam
pela prosperidade na região. Só os traficantes de drogas é que não ficaram frustrados. A milionária estrada construída pela Petrobras para transportar milhares
de toneladas de peças (vasos pressurizados, torres e reatores, entre outros) entre
o píer na Praia da Beira, em Itaóca, e o Comperj, em Itaboraí, agora atende a
logística do tráfico em São Gonçalo: facilitou a distribuição de armas
e drogas entre as favelas do município.
Confira abaixo um trecho da
matéria “Comperj: estrada de US$ 181 milhões virou rodovia do tráfico”,
publicada ontem (21/04) pelo jornal O Globo:
UMA VIA EXPRESSA DO TRÁFICO
Pagaram
mais US$ 118 milhões pelo serviço complementar contrariando recomendações do
departamento jurídico da estatal: era 85% acima do valor do contrato original.
No
final, custou US$ 181,5 milhões, o equivalente a US$ 10 milhões por cada um dos
18 quilômetros
— mais que a autoestrada vizinha, o Arco Metropolitano.
Ficou
pronta em outubro, oito anos e quatro meses depois das contratações
“emergenciais” de equipamentos, montagem e construção das suas instalações em Itaboraí. A essa
altura, no entanto, o complexo petroquímico já estava reduzido a uma única
refinaria, parte dos equipamentos comprados se tornara inútil, o canteiro de
obras paralisado e as empresas fornecedoras submetidas a múltiplos inquéritos
por corrupção.
A
estrada criada pela Petrobras exclusivamente para transportar equipamentos
ultrapesados até o Comperj não ficou abandonada: foi tranformada em via
expressa do tráfico de armas e drogas. Acabou facilitando a logística das
gangues cujos negócios começam nas margens da Baía de Guanabara.
Ela
integrou todas as favelas do chamado complexo do Salgueiro, no Rio, com o
Jardim Catarina, em São
Gonçalo. É uma área extensa, com cerca de 300 mil habitantes
sem serviços básicos de Saúde, Educação e saneamento. Pela complexidade da
geografia local, pontilhada por manguezais, a circulação entre uma favela e
outra sempre foi difícil. Deixou de ser.
Barcos
com armas e drogas continuam atracando nas praias de Itaóca, bairro-ilha de São
Gonçalo, onde foi construído o píer da Praia da Beira, ponto de traslado dos
equipamentos para o Comperj.
Antes,
as gangues atuavam com elevada margem de risco na logística de distribuição.
Percorriam o trajeto entre Itaóca e Salgueiro, mas precisavam enfrentar mato e
terrenos pantanosos para chegar à planície do Jardim Catarina, onde se
concentram mais de 20% da população de São Gonçalo.
Leia a
matéria na íntegra aqui.
Há duas semanas atrás eu fiz o trajeto de carro, de Itambi até Guaxindiba são 6,5 km, e de Guaxindiba até o pier na Praia da Beira são uns 10 km.. O pier tem uma vista magnífica da Baía de Guanabara!! O trajeto entre Itambi e Guaxindiba é bem rural e aparentemente tranquilo, mas após o presídio no Jardim Catarina a paisagem já vai ficando feia!! Muita pobreza, barracos em ruas pantanosas, sem falar que essa estrada é um aterro sobre o brejo, que em algumas partes ela formou um cinturão, acentuando ainda mais o problema das enchentes... E no Salgueiro o transito de motos por essa estrada é bem intenso, motos indo de um lado para o outro e sendo a maioria delas sem placa... Realmente o lugar foi esquecido pelo Estado!!
ResponderExcluir