quarta-feira, 22 de abril de 2015

Estrada do Comperj facilitou a distribuição de armas e drogas em São Gonçalo


Lamentavelmente, o Eldorado prometido para a Região Leste Fluminense com a construção do Comperj não aconteceu. Mudanças no projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e o escândalo de corrupção na Petrobras frustraram a expectativa dos investidores e de todos que esperavam pela prosperidade na região. Só os traficantes de drogas é que não ficaram frustrados. A milionária estrada construída pela Petrobras para transportar milhares de toneladas de peças (vasos pressurizados, torres e reatores, entre outros) entre o píer na Praia da Beira, em Itaóca, e o Comperj, em Itaboraí, agora atende a logística do tráfico em São Gonçalo: facilitou a distribuição de armas e drogas entre as favelas do município. 

Confira abaixo um trecho da matéria “Comperj: estrada de US$ 181 milhões virou rodovia do tráfico”, publicada ontem (21/04) pelo jornal O Globo:

UMA VIA EXPRESSA DO TRÁFICO

Pagaram mais US$ 118 milhões pelo serviço complementar contrariando recomendações do departamento jurídico da estatal: era 85% acima do valor do contrato original.

No final, custou US$ 181,5 milhões, o equivalente a US$ 10 milhões por cada um dos 18 quilômetros — mais que a autoestrada vizinha, o Arco Metropolitano.

Ficou pronta em outubro, oito anos e quatro meses depois das contratações “emergenciais” de equipamentos, montagem e construção das suas instalações em Itaboraí. A essa altura, no entanto, o complexo petroquímico já estava reduzido a uma única refinaria, parte dos equipamentos comprados se tornara inútil, o canteiro de obras paralisado e as empresas fornecedoras submetidas a múltiplos inquéritos por corrupção.

A estrada criada pela Petrobras exclusivamente para transportar equipamentos ultrapesados até o Comperj não ficou abandonada: foi tranformada em via expressa do tráfico de armas e drogas. Acabou facilitando a logística das gangues cujos negócios começam nas margens da Baía de Guanabara.

Ela integrou todas as favelas do chamado complexo do Salgueiro, no Rio, com o Jardim Catarina, em São Gonçalo. É uma área extensa, com cerca de 300 mil habitantes sem serviços básicos de Saúde, Educação e saneamento. Pela complexidade da geografia local, pontilhada por manguezais, a circulação entre uma favela e outra sempre foi difícil. Deixou de ser.

Barcos com armas e drogas continuam atracando nas praias de Itaóca, bairro-ilha de São Gonçalo, onde foi construído o píer da Praia da Beira, ponto de traslado dos equipamentos para o Comperj.

Antes, as gangues atuavam com elevada margem de risco na logística de distribuição. Percorriam o trajeto entre Itaóca e Salgueiro, mas precisavam enfrentar mato e terrenos pantanosos para chegar à planície do Jardim Catarina, onde se concentram mais de 20% da população de São Gonçalo.

Leia a matéria na íntegra aqui.



Um comentário:

  1. Há duas semanas atrás eu fiz o trajeto de carro, de Itambi até Guaxindiba são 6,5 km, e de Guaxindiba até o pier na Praia da Beira são uns 10 km.. O pier tem uma vista magnífica da Baía de Guanabara!! O trajeto entre Itambi e Guaxindiba é bem rural e aparentemente tranquilo, mas após o presídio no Jardim Catarina a paisagem já vai ficando feia!! Muita pobreza, barracos em ruas pantanosas, sem falar que essa estrada é um aterro sobre o brejo, que em algumas partes ela formou um cinturão, acentuando ainda mais o problema das enchentes... E no Salgueiro o transito de motos por essa estrada é bem intenso, motos indo de um lado para o outro e sendo a maioria delas sem placa... Realmente o lugar foi esquecido pelo Estado!!

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