terça-feira, 12 de abril de 2016

ESCOLAS PARTICULARES DE SÃO GONÇALO SOFREM COM INADIMPLÊNCIA E MIGRAÇÃO DE ALUNOS PARA A REDE PÚBLICA

Na rede de ensino M3, 20% dos alunos matriculados estão no vermelho - Foto: Divulgação


Dados do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Gonçalo (Sinepe - SG) apontam um aumento de 25% na inadimplência nas escolas particulares do município até março de 2016. Crise econômica e aumento do desemprego são os principais causadores que têm levado os pais a atrasarem o pagamento das mensalidades. Parcelamentos, descontos e abonos são estratégias utilizadas por colégios privados a fim de evitar a migração do aluno para a rede pública, movimento que já representa 12% dos alunos em todo o Estado, ou 33.412 estudantes transferidos, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc).

De acordo com o gerente do Sinepe-SG, Jorge Alberto, 10% dos diretores das escolas filiadas do município confirmaram o índice de devedores na casa dos 25%. “O sindicato tem reunião antes das matrículas em que discutimos esses percentuais de reajustes e planilhas de custos. O aumento na inadimplência se dá por conta da crise econômica que afeta todo o Estado e consequente aumento do desemprego”, apontou.

Na rede de ensino M3, com filiais em Niterói, Alcântara e São Gonçalo, a secretária Marciana Luz apontou que 20% dos alunos matriculados estão no vermelho no quesito mensalidade. “Somos procurados por pais que pedem descontos, explicam a situação financeira e tentamos ajudar ao máximo para evitar a retirada do aluno da escola. A situação está difícil para todo mundo”, apontou. A agente administrativa Ana Cláudia Magalhães, 52 anos, sempre optou pela rede pública de ensino. “Acho que o ensino público é de qualidade e quem faz a escola é o aluno. Teve uma época que deixei meus filhos matriculados na escola particular, mas foi por pouco tempo. Não tem salário que dure”, reforçou.

O presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Antônio Eugênio Cunha, estima que 10% de alunos saíram da escola privada para a pública na educação básica de 2015 para 2016. “Este novo cenário vivido provocará dificuldades e as escolas terão que se preparar para negociar e encontrar um caminho que atenda a família e a escola. Cada caso tem a sua particularidade, logo a negociação deve ser feita analisando cada situação que se apresenta. Toda escola negocia e procura ajudar a família”, comentou.

As amigas do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Liceu Nilo Peçanha, no Centro de Niterói, Ariane Costa, de 16 anos, e Júlia Henriques, de 17 anos, fazem parte da estatística migratória da rede particular para a pública. A primeira estudava no Centro Educacional Rodrigues Maia, no Barro Vermelho, em São Gonçalo. “A situação financeira da minha casa apertou e tiveram que cortar a escola particular. No início eu senti diferença de adaptação, mas já me acostumei”, comentou a adolescente. Já a Júlia teve que optar em ir para a rede pública de ensino para fazer um curso de informática. “Preferi sair da escola e investir a mensalidade no curso que estou fazendo. A vida é feita de escolhas e prioridades”, comentou a estudante, que era matriculada no Centro Educacional Humberto França, no Porto do Rosa.


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