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Igreja Matriz de São Gonçalo de Amarante - Foto: Vagner Rosa |
10 de janeiro, Dia de São Gonçalo de Amarante, um dos santos mais populares da Igreja Católica no norte de Portugal e também no Brasil. Ele é o padroeiro do município de São Gonçalo, aqui na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e de outras cidades que levam o nome do santo português no país.
Oficialmente, São Gonçalo não é santo, ou seja, ele não foi canonizado pela Igreja Católica. Na realidade, ele é considerado um beato pela igreja, foi beatificado em 1561 pelo papa Pio IV. Portanto, a forma correta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante. Todavia, São Gonçalo é popularmene aclamado como santo e venerado como tal.
Gonçalo nasceu em Arriconha, Distrito de Braga, no norte de Portugal, no ano de 1187, mas foi em Amarante que ele fez história. De família nobre e cristã, Gonçalo foi encaminhado para ter os primeiros estudos como um sacerdote.
Depois de formado em teologia, passou 14 anos viajando pela Terra Santa, no Oriente Médio, e depois voltou para Portugal, onde se retirou como eremita na região de Amarante.
Padroeiro de Amarante, o Beato Gonçalo de Amarante é lembrado até hoje por sua forma religiosa e de violeiro – era um homem alegre, que gostava de cantorias e de rodas de viola, tocava a guitarra portuguesa e a usava para propagar a Palavra de Deus. Por isso, ele é considerado o padroeiro dos violeiros.
De acordo com o escritor português Antônio Patrício, um estudioso de São Gonçalo, o maior milagre dele foi a ponte construída sobre o Rio Tâmega, que corta a cidade de Amarante. Quando assumiu a paróquia, a ponte antiga havia caído e o povo não tinha como ir à igreja. Um de seus prodigios era como ele conseguia arrecadar dinheiro para a ponte. Outra hora era quando os trabalhadores não tinha o que beber, São Gonçalo então tocava numa pedra e minava água pura, tocava noutra, minava vinho.
São Gonçalo morreu em 10 de janeiro de 1259 na sua singela cabana de orações. Ele foi sepultado neste mesmo local, onde se construiu um grande mosteiro em homenagem à sua alma.
Além de padroeiro dos violeiros, São Gonçalo é considerado o santo protetor dos ossos e também santo casamenteiro, principalmente das mulheres mais velhas. Graças à tradição – ou lenda – de que quem toca em seu túmulo é abençoado com um casamento feliz e próspero.
A devoção a São Gonçalo espalhou-se pelos domínios ultramarinos de Portugal, chegando ao Estado Português da Índia e ao Estado do Brasil por meio dos colonizadores portugueses e teve grande influência mais tarde por meio do Sermão sobre São Gonçalo, do padre Antônio Vieira.
Pois bem. São Gonçalo era o santo de devoção do fundador do município de São Gonçalo. Em 06 de abril de 1579, o fidalgo português Gonçalo Gonçalves recebeu do então governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, uma sesmaria (lote de terras) às margens do Rio Suassunhão, atualmente conhecido como Rio Imboaçu, na localidade conhecida hoje por bairro Zé Garoto.
Além da obrigação de cultivar e povoar a sesmaria, Gonçalo Gonçalves tinha também a incumbência de construir no local uma capela para difundir a fé católica. Ele então a dedicou ao seu santo homônimo.
A data da construção é imprecisa, no entanto, historiadores acreditam que a capela tenha sido construída no mesmo ano de 1579. Afinal, o objetivo da construção era para difundir a fé católica no local. No século seguinte, a capela foi elevada à categoria de paróquia em 1643, e recebeu seu primeiro vigário, Padre Antônio da Rocha, quatro anos depois.
A capela que se transformou na atual Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante é o que podemos chamar de marco zero do município de São Gonçalo, pois foi em seu entorno que a cidade se desenvolveu, cresceu e se tornou o que é hoje.
Por sua história confundir com a da própria cidade, em 2017, numa parceria entre a Paróquia de São Gonçalo de Amarante e o Grupo de Pesquisa História de São Gonçalo: Memória e Identidade, da UERJ; foi inaugurado o Memorial da Igreja Matriz de São Gonçalo. O local é um centro de pesquisas e promoções culturais dedicado à construção da história, preservação do patrimônio e valorização da cultura da cidade de São Gonçalo, destacando o papel desempenhado pela Igreja Católica na conformação da localidade.
Seu acervo é composto de artefatos de construção civil, imagens sacras, objetos litúrgicos, indumentárias religiosas, livros, fotografias, documentos manuscritos e impressos, objetos que remontam desde o século XVII.
Vale a pena conhecer o Memorial da Igreja Matriz para saber mais sobre a história da importante igreja que remonta à fundação do município de São Gonçalo. Entretanto, no momento, lamentavelmente, as visitas estão suspensas por conta da pandemia. Para a matéria, o Blog do Vagner Rosa fez um vídeo do espaço. Assista no final do texto.
E, além do Memorial, vale ressaltar que a igreja está passando por um processo de restauração para resgatar o estilo antigo da construção do templo. Originalmente, a fachada da igreja possuía estilo barroco. Com as sucessivas reformas, hoje a igreja exibe estilo neoclássico. Na década de 1970, as paredes e os pisos de madeira, atacados por cupins, foram substituídos por concreto, ferro e azulejos.
O interior da igreja está ficando muito bonito e quando forem tirados os azulejos de sua fachada, o principal cartão postal e histórico de São Gonçalo ficará então ainda mais bonito.
Assista abaixo ao vídeo do Memorial da Igreja Matriz de São Gonçalo de Amarante:
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