Observações da festa política gonçalense

Após a ressaca festiva das comemorações dos 119 anos de São Gonçalo, achei oportuno tecer aqui alguns comentários sobre o importante evento político que contou com a presença do governador Sérgio Cabral.

A prefeita e o governador

Foto: Vagner Rosa

Algumas pessoas que assistiram ou ficaram sabendo da troca de elogios entre os dois políticos no palco, classificaram a cena de “Espetáculo da Falsidade”.

É que na última campanha (2008) para a prefeitura, o governador que apoiava a sua colega de partido (PMDB), a deputada estadual Graça Matos, e que na época chegou a fazer chantagem eleitoral de que só iria investir na cidade, caso sua candidata fosse eleita, causou um pouco de estranheza ao referir-se a prefeita no evento como "essa doce mulher”.

Na verdade, o que houve no palco não foi nenhum “Espetáculo da Falsidade” e, sim, “Coisas da Política”. Foi um ato puramente político.

É que para muita gente, é difícil engolir certas coisas no meio político, mas o gesto presenciado no palco entre a prefeita e o governador, foi a mais pura representação da arte de governar.

No meio político, não existem inimigos – com raras exceções, um caso ou outro emblemático -, mas, existem, sim, adversários políticos.

Os adversários se divergem em algumas idéias e têm posições político-partidárias diferentes, mas na hora de selar um acordo que visa o benefício de ambas as partes, as diferenças são esquecidas ou colocadas de lado.

Pode parecer incompreensível para muita gente, mas é assim que se faz política. Política é a arte de governar, e para governar é preciso ter equilíbrio emocional, jogo de cintura e muita grandeza para aceitar a diferença.

E nesse jogo político entre a prefeita e o governador quem saiu ganhando foi o povo gonçalense que foi beneficiado com uma boa verba de R$ 100 milhões.

Os interesses falam mais alto. Para o governador, que vai tentar a reeleição ano que vem, São Gonçalo faz parte de sua estratégia – afinal de contas, somos o segundo colégio eleitoral do estado.

E a prefeita, boa política que é, apresentou a sua fatura para São Gonçalo apoiá-lo. Agora, o resultado vai depender dos eleitores que, nesse caso, são livres para decidir.

Sérgio Cabral e as vaias

Foto: Vagner Rosa

Todo político é vaidoso por natureza e não tem ofensa pior para um político do que as vaias do público, e por mais democráticas que sejam sempre mexem com o ego dos parlamentares.

O governador vem sendo vaiado sistematicamente em eventos dos quais tem participado no Estado, e em São Gonçalo não foi diferente, mesmo a claque pró-Cabral fazendo muito barulho, foi impossível sufocar totalmente a manifestação dos descontentes.

Apesar de serem inconvenientes, em determinadas situações, as vaias são manifestações democráticas e o governador poderia ter sido mais elegante quando se referiu a elas.

Ele disse que os opositores ali presentes eram penetras, pois não haviam sido convidados para a festa.

Menos, governador, menos...

Primeiro: o lugar era público e a constituição garante a liberdade de ir e vir das pessoas. Se não quisesse ver a manifestação dos descontentes que fizesse então o evento em um lugar privado.

Segundo: vivemos numa democracia onde existe total liberdade de expressão e não podemos exigir que todos aceitem nossas idéias.

Terceiro: o governador tem de se conscientizar que, independente, da existência da oposição à sua administração, ele governa para todos e que os opositores também contribuem para os cofres do Estado.

Ele poderia ter ignorado as vaias ou então ter sido mais político no comentário sobre elas. Inclusive, aproveitando que o público era formado na maioria por evangélicos, poderia ter apelado para alusões religiosas.

Poderia ter dito o seguinte: “Eu gostaria de dizer que nem Jesus Cristo agradou a todos. Embora as vaias sejam manifestações democráticas, acredito que hoje não seja um dia propício para isso, pois estamos todos aqui para comemorarmos o aniversário de uma cidade muito importante, e que merece o carinho e a atenção de todos nós.” E por aí levaria...

É com elegância que nós vencemos as adversidades.

A prefeita e a cantora Fernanda Brum

Foto: Vagner Rosa

Por mais intimidade que a talentosa e doce cantora evangélica Fernanda Brum tenha com a prefeita Aparecida Panisset, não pega bem ela tratar uma autoridade política com excessiva informalidade.

Soou deselegante e desrespeitosa a forma como a cantora tratava a prefeita - de você - a todo o momento. “Todas as vezes que você me convidar...”.

A assessoria da cantora poderia se atentar para esse detalhe. Não se trata de frescura, é apenas uma deferência a função que a pessoa exerce.

Será que a cantora trataria o presidente da república também assim com tanta informalidade?

O animador Dr. Márcio Panisset

Foto: Vagner Rosa

O Dr. Márcio tem um talento nato para animar a platéia.

Ele anima e conduz muito bem o público que o acompanha seguindo atentamente sua performance no palco. Características próprias de um verdadeiro animador de auditório.

Dr. Márcio, por favor, não veja este comentário como algo depreciativo, é apenas uma observação do seu talento de se comunicar com a massa.

Viva São Gonçalo!!!

Espero que o convênio firmado entre o governo estadual e a prefeitura de São Gonçalo, saia do papel e que as obras, de fato, sejam realizadas. Que não seja apenas mais um factóide eleitoral.

Pois São Gonçalo e sua população merecem o respeito de todos nós!!!