domingo, 4 de setembro de 2011

O fim da ideologia partidária e o desafio de descobrir um novo discurso político

Adolpho Konder troca o DEM (partido de direita) pelo PDT (partido de esquerda)


Aquele que não muda perde oportunidades de vivenciar novas realidades que possam lhe proporcionar novos sentidos de vida. Isso é fato! Mudar faz parte da evolução humana. Mudar é desenvolver um novo olhar sobre a vida. É viver experiências novas que enriqueçam o curso da vida. Portanto, mudar é preciso!

Mas diante da necessidade de mudanças, o que dizer dos políticos que trocam de partidos? Eles também estão aprendendo novos conhecimentos?

Sim. Tudo que nos leva para uma outra realidade é um novo conhecimento.

Porém, podemos observar que as mudanças de partidos em alguns casos têm mais a ver com as conveniências do jogo político do que propriamente com uma nova visão ideológica. Por isso elas causam espanto em algumas pessoas. Quer dizer, causavam!

Hoje é o pragmatismo que fala mais alto. O Lula e o PT estão aí para confirmar que as ideologias partidárias são coisas do passado.

É o que podemos constatar também na atitude do secretário de Desenvolvimento Ecônimico, Ciência e Tecnologia, Adolpho Konder, que trocou o DEM (um partido de direita cuja ideologia é o liberalismo) pelo PDT (partido de centro-esquerda e de ideologia trabalhista), na última sexta-feira (02/09), em Porto Alegre – cidade onde estava sendo realizado o 5º Congresso Nacional do Partido Democrático Brasileiro.

Essa troca foi motivada pela conveniência do jogo político. Segundo o presidente do PDT gonçalense, Henrique Porto, a entrada de Konder na sigla o credencia para ser candidato à sucessão de Aparecidad Panisset nas eleições municipais do ano que vem.

- Trouxemos Adolpho Konder para o PDT, no Rio Grande do Sul, com as bênçãos do nosso saudoso Leonel Brizola. Konder é o nosso nome para a disputa eleitoral do próximo ano. Ele é um quadro de reconhecida qualidade, cuja atuação no Executivo é focada no crescimento de São Gonçalo em todos os setores – declarou Henrique Porto.

Este artigo não é uma crítica ao Sr. Konder por ter trocado de partido. Ele não é o único a fazer isso. Esse recurso é muito comum na política brasileira. A própria prefeita Aparecida Panisset já foi do DEM e hoje é do PDT. O mesmo processo aconteceu com o seu irmão, o deputado Márcio Panisset. Vale lembrar também que Cesar Maia, o nome mais forte do DEM fluminense, já foi pedetista.

A observação aqui é sobre o fim da ideologia política partidária. Da percepção do arrefecimento do debate político. Hoje ninguém vê mais aquelas discussões acaloradas de pessoas defendendo as causas de um partido político. A política brasileira atualmente está completamente descaracterizada. Não tem mais rosto. O que vemos é apenas a luta pela luta do poder.

De fato, o pragmatismo é importante para fazer as coisas acontecerem, mas os acordos políticos poderiam ter pelo menos um pouquinho de coerência com a história, com as lutas, com as conquistas e respeito com as pessoas que estiveram envolvidas no passado com as causas de uma ideologia partidária.

Conheço eleitores hoje completamente desorientados, desacreditados e enojados com política. Pessoas que lá trás defenderam aguerridamente os discursos dos partidos dos quais se identificavam e que, nos dias atuais, esses partidos traíram suas confianças fazendo e aliando-se com o que a política tem de pior.

Sei que a dor da decepção dessa gente é enorme, mas não adianta ficar olhando o retrovisor. O passado ficou para trás e não volta mais. Os tempos são outros. O meu conselho é que essas pessoas revejam também os seus conceitos. Assim como o mundo e os sistemas mudaram, as pessoas também precisam mudar.

É fundamental lançar um novo olhar sobre o mundo para entender o que está acontecendo. O discurso das ideologias partidárias pode até morrido, mas o que não pode acabar é o engajamento político por uma sociedade melhor.

É preciso ressaltar que não há outra via senão a política para implantarmos uma sociedade mais justa e igualitária. O desafio agora é descobrir um novo discurso político que motive as pessoas a participarem do processo. A internet tem contribuído e muito para promover o debate, mas ainda está faltando um engajamento de grande impacto.

Mas isso não vai demorar muito para acontecer, não. Os eventos que vêm acontecendo nos últimos tempos no mundo e no Brasil vão exigir uma resposta imediata para uma nova ordem e sistema das coisas. Poder até parecer uma profecia apocalíptica o que eu estou dizendo, mas não é. É só uma interpretação real dos fatos.

Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos...

3 comentários:

  1. Caro Vagner, eu não tenho mais esperança com a política no Brasil. Eu era um desses eleitores que você fala brilhantemente em seu texto. Eu era um petista roxo. Brigava com todos por causa do PT. E serviu para quê? Hoje este partido me envergonha. Está envolvido com tudo de ruim da política. Por causa deste partidinho agora detesto política. Nem fale em política comigo senão você corre o risco de apanhar (risos). Mas falando sério, é isso mesmo, atualmente eu odeio política. Sobre a política gonçalense também não tenho esperanças. Não vi nenhuma melhora na cidade. Asfalto? isso é obrigação de todo prefeito. Pagamos impostos pra que? Quero ver melhorias mesmo é na saúde, educação, transportes...isso eu não vejo. cOMO lhe disse, perdi as esperanças na política, nem vou falar mais nada. Falar em política me dá até náuseas.
    Valeu meu amigão pelo artigo.
    Abraço.
    Fernando

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  2. Vagner não concordo com você que a ideologia política morreu. O discurso religioso fundamentalista faz parte agora da política brasileira. NA última campanha para presidente isso ficou bem evidente e na minha opinião vai ficar cada vez mais forte com o crescimento dos evangélicos que não para de aumentar.
    Pedro Fernandes de Almeida

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  3. Prezado Pedro Fernandes,

    O discurso fundamentalista religioso não tem nada de político. É nada mais nada menos que uma pregação religiosa tentando influenciar o processo eleitoral. Na verdade não passa de um joguinho político dos religiosos. O evento protagonizado por certos líderes religiosos obrigando a presidente Dilma assinar um termo de compromisso com eles, na última campanha presidencial, foi a coisa mais patética e absurda que um regime democrático já assistiu em todos os tempos!

    O Estado é laico. Esse negócio de a religião chantagear os candidatos é uma afronta a democracia!

    Não sou contra a religião. Eu sei que a nosso país é majoritariamente de confissão cristã, mas volto a repetir: o Estado é laico! O governo não tem que se submeter a doutrinas religiosas pressionado por chantagens de pastores e padres.

    Na minha opinião, deve haver, sim, o diálogo, com todos os segmentos da sociedade para que haja entendimento nas propostas do governo. Agora, um grupo religioso querer fazer prevalecer suas convicções num regime democrático e laico, isso é inaceitável!

    Esse discurso fundamentalista religioso no processo político é um grande retrocesso. É um retorno a idade das trevas. Clamo a Deus para que esse absurdo não se repita nas próximas eleições.

    Que o Senhor tenha piedade de nós!

    Abraço e obrigado pela sua participação!

    Vagner Rosa

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