Vendido como promessa de riqueza e prosperidade para
a Região Leste Fluminense, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ)
é pura desilusão e frustração em Itaboraí. Matéria publicada pela revista Época, dividida
em três capítulos (O Sonho, A Realidade e O Pesadelo), em sua última edição (21/11),
informa que o Eldorado prometido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2006, virou poeira.
Confira um trecho do primeiro capítulo, O Sonho:
Antes do Comperj, Itaboraí era uma cidade pacata e pobre. Estava na 62a
posição em Índice de Desenvolvimento Humano do Estado do Rio, entre 92
municípios. Em Itaboraí, apenas 1% das residências estão ligadas à rede de
esgoto, e só 29% conectadas à rede de água – o restante usa poços. A construção
do Comperj deveria transformar essa realidade. A previsão era que fossem
gerados 220 mil empregos diretos e indiretos – a população total da cidade é de
218 mil habitantes, segundo o Censo de 2010. O projeto inicial previa a construção
de uma refinaria. Essa refinaria deveria oferecer insumos ao parque
petroquímico. E o parque petroquímico deveria atrair para a região um cinturão
de indústrias de plásticos. Eis o segredo da multiplicação de empregos – e a
razão do aluguel alto que Luiz Fernando teve de pagar.
A população de Itaboraí sonhava ainda mais alto. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a pedra fundamental da maior obra da Petrobras, em 2006, fez
um discurso em Itaboraí.
Na ocasião, prometeu que o governo federal construiria uma
escola técnica. O Instituto Federal Fluminense deveria ter 25 laboratórios,
biblioteca, auditório, 12 salas de aula e ginásio esportivo para 1.200 alunos.
De lá, deveriam sair funcionários capacitados a trabalhar na refinaria e no
polo petroquímico. Houve também investimentos privados na área de educação.
Quase ao lado da prefeitura, na praça principal de Itaboraí, o pernambucano
Alberto Silveira instalou a ANS Concursos. “Aqui você aprende fazendo.
Habilite-se para o Comperj” é, até hoje, a propaganda estampada na fachada.
Oito anos depois do lançamento da pedra fundamental, o Eldorado virou poeira.
Itaboraí se tornou um caos com problemas de trânsito, índice de criminalidade
crescente e rede de saúde em
colapso. O secretário Guimarães compara a situação à reforma
radical de uma casa. O transtorno compensa se, depois, ali emergir uma mansão.
Nada indica que isso vá acontecer em Itaboraí. Um indício de que algo vai mal é a
depreciação brusca do mercado imobiliário. Guimarães acaba de se mudar para uma
casa maior e mais espaçosa. Pagará um aluguel de R$ 2 mil, pouco mais da metade
do que pagava antes.
E a realidade do COMPERJ é dosoladora. Além de o projeto ter sido um grande equívoco,
segundo especialistas, é marcado também por inúmeras irregularidades. Confira
um trecho do capítulo A Realidade:
O que está errado é o próprio Comperj. A refinaria com o maior polo
petroquímico do Brasil era, na verdade, um grande equívoco. A obra afundou por
irregularidades e erros de projeto. No capítulo das irregularidades, existe
dinheiro suspeito, vindo da Diretoria de Abastecimento de Paulo Roberto Costa,
o executivo da Petrobras preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Diferentes análises do Tribunal de Contas da União apontaram atrasos
significativos, prejuízos de centenas de milhões de reais, gestão temerária e
falta de clareza na divulgação dos custos pela Petrobras.
No capítulo dos erros de projeto está a constatação, posterior, de que a obra
era inviável em sua megalomania. Depois de reavaliar o Comperj, a Petrobras
decidiu construir apenas a refinaria e deixar de lado o polo petroquímico.
Mesmo sendo a maior refinaria do Brasil, ela gerará bem menos empregos: 2 mil,
entre diretos e indiretos, segundo previsão. Isso é menos de 1% do total
estimado caso houvesse o poder multiplicador do polo petroquímico. Com o
redimensionamento, o custo, em vez de diminuir, disparou. Um dos mistérios que
o TCU investiga é como o orçamento inicial de US$ 6,1 bilhões, em 2006, pôde se
transformar num gasto de US$ 47,7 bilhões – previsão atual da obra. Para
continuar na comparação de Luiz Fernando Guimarães: é como se alguém decidisse
construir uma mansão, o orçamento se multiplicasse por sete – e, na hora da
entrega da obra, recebesse do arquiteto as chaves de um barracão de zinco.
É lamentável tudo isso! Não é só o município de Itaboraí que está frustrado não, São
Gonçalo também está. Segundo Lula, no lançamento da
pedra fundamental do projeto, em 2006, a nossa cidade deixaria de ser o
“patinho feio” da Região Metropolitana quando o projeto estivesse em funcionamento. A considerar pelo fiasco do COMPERJ,
infelizmente, ainda não deixou ser.
Leia na íntegra os capítulos da matéria da Época aqui.
comperj foi propaganda enganosa do lula
ResponderExcluirSinceramente, dá até vontade de chorar de tristeza com tamanha frustração. Itaboraí e SG poderiam vir a ser cidades TOP em termos econômicos se desse tudo certo. Infelizmente, nosso país possui um lado nojento, repugnante, quando o assunto é corrupção. Lamentável.
ResponderExcluirE o povo parece não estar nem aí para isso. Nas últimas eleições, nada mudou!
ExcluirHá uns 4 anos atrás ouvi um sujeito falar que, Eike Batista não iria conseguir extrair petróleo de seus poços, confesso que achei um blefe, mas deu no que deu... E esse mesmo cara me disse que o COMPERJ iria virar um elefante branco... To começando a achar que esse cara tinha uma bola de cristal... Esse COMPERJ tá parecendo obra de fachada pra desvio de dinheiro, e só... (US$ 6,1 bilhões, em 2006 e US$ 47,7 bilhões – previsão atual da obra.) Já não se veem tantos operários indo para as obras, e aquela supervalorização dos terrenos em Itaboraí, já estão voltando aos valores reais...
ResponderExcluirRealidade desse governo corrupto é que nos somos os verdadeiros culpados, por acreditar nessas falsas promessas ganhamos um elefante branco caro e inacabado que esta gerando vários agravantes sociais a realidade da nossa região, São Gonçalo nunca foi tão violento quanto é hoje, tenho pena de Itaboraí que so serviu de laranja pra essa grande lavagem de dinheiro da Petrobras.
ResponderExcluirO mais triste nesta história foi o aumento da violência e a especulação imobiliária. Acabaram com plantações e diversas áreas verdes. além do que o sossego dos moradores. No fundo eu acho bem feito pelos gananciosos pelo progresso sem medida tanto da população mal esclarecida e empresários gananciosos.
ResponderExcluirNao so e frustraçao nas obras do coperj,acabei de ver no jornal news que os ministros do supremo vao receber um aumento de 22 por cento nos seus salarios de 29,000 para 36,000 mil reais e o salario dos aposentados como vai ficar? este e mesmo um pais que nao tem vergonha na cara,
ResponderExcluirÉ quase inacreditável... É realmente difícil de crer no que acontece com o Comperj. Eu realmente espero que estes fatos trágicos tragam algum aprendizado, alguma lição sobre como impérios podem cair em questão de meses.
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