quarta-feira, 29 de abril de 2015

Com duras críticas à corrupção do partido e de olho na Prefeitura de SP, Marta Suplicy deixa o PT após 33 anos de militância petista. Em São Gonçalo, o vereador Marlos Costa poderá seguir o exemplo da senadora


Decepcionada com os escândalos de corrupção e sem espaço no partido – foi preterida nas últimas eleições para a Prefeitura de São Paulo (2012 – Fernando Haddad) e para o Governo do Estado (2014 – Alexandre Padilha), a pomposa senadora Marta Suplicy se desligou ontem (28) do PT, onde militou por 33 anos. Ela deverá se filiar ao PSB – partido pelo qual pretende concorrer à Prefeitura paulistana no ano que vem.

Confira abaixo o pedido de desfiliação da senadora:

“É de conhecimento público que o Partido dos Trabalhadores tem sido o protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou, sendo certo que mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver sua direção nacional.

No meu sentir e na percepção de toda a nação, os princípios e o programa partidário do PT nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente.

Para mim, como filiada e mandatária popular, os crimes que estão sendo investigados e que são diária e fartamente denunciados pela imprensa constituem não apenas motivo de indignação, mas consubstanciam um grande constrangimento.

Aqueles que, como eu, acreditaram nos propósitos éticos de sua carta de princípios, consolidados em seu programa e em suas resoluções partidárias, não têm como conviver com esta situação sem que esta atitude implique uma inaceitável conivência.

Ao tentar empenhar-me numa linha de providências, fui isolada e estigmatizada pela direção do partido. Percebi que o Partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para diálogo com suas bases e seus filiados dando mostras reiteradas de que não está interessado, ou não tem condições, de resgatar o programa para o qual foi criado, nem tampouco recompor os princípios perdidos.

Hoje o PT se distanciou completamente dos fundamentos que há 35 anos nos levaram a construí-lo com entusiasmo e envolvimento.

Por décadas, acreditei e dei o melhor de mim na perseguição de ideais que, com seus acertos e erros, não se distanciavam de um norte ético indiscutível e intransigente.

Hoje, entretanto, não me sinto mais em condições de cooperar com o que não faz mais sentido a mim e a milhões de brasileiros.

A direção do Partido dos Trabalhadores vem restringindo, cerceando e limitando a atuação e desempenho de minhas atividades partidárias e, o que é mais grave, da minha atividade parlamentar oriunda da representação política de meu mandato.

Os fechamentos de espaços são muitos, com acontecimentos e constrangimentos públicos que envolvem situações e ações que, no passado recente, chegaram ao limite de colocar em risco minha eleição como Senadora pelo Estado de São Paulo nas eleições de 2010.

Vivencio o mais difícil e o pior momento de minha vida política. Como membro do PT, encontro-me em situação completamente constrangedora na bancada e no Plenário do Senado. Tenho me furtado a discursar e emitir minhas opiniões por me negar a defender um partido que não mais me representa, assim como a milhões de brasileiros que nele um dia acreditaram. Situação sem sentido que não tenho mais condições de deixar perdurar.

Serei fiel ao meu mandato e permanecerei depositária dos valores defendidos por aqueles que votaram em mim, hipotecaram sua confiança pessoal, e abraçaram as ideias que defendo desde a época em que me tornei pessoa pública em programa diário de TV onde sempre me pautei por princípios éticos inegociáveis.

Até onde pude, tentei reverter esta situação. Não fui ouvida. Não tenho compromisso com os reiterados desvios programáticos e toda sorte de erros cometidos.

Minha atuação como Senadora não pode ser isolada. Todo parlamentar precisa de um partido e o partido se expressa por meio de seus representantes eleitos.

Para quem é mandatária, como sou, eleita legitimamente com mais de 8 milhões de votos, resta-me a certeza de que minha prioridade é a fidelidade ao mandato que me foi outorgado pelo povo do Estado de São Paulo.

Como o exercício do meu mandato vem sendo claramente cerceado, em seu nome e em sua defesa, como representante popular sinto-me na responsabilidade e no dever de agir neste sentido.”

O PT ficou indignado com a carta de desfiliação da senadora. Confira abaixo a nota do partido:

“O PT recebe com indignação a carta da senadora Marta Suplicy oficializando sua desfiliação do PT.

Apesar dos motivos enunciados, entendemos que as razões reais da saída se devem à ambição eleitoral da senadora e a um personalismo desmedido que não pôde mais ser satisfeito dentro de nossas fileiras. Por isso, resolveu buscar espaços em outros partidos.

Ao contrário de suas alegações, nunca o PT cerceou suas atividades partidárias ou parlamentares. Sucessivamente prestigiada, com o apoio da militância e das direções, Marta Suplicy foi deputada federal, prefeita, senadora e duas vezes ministra.

Lamentavelmente, a senadora retribui, com falta de ética e acusações infundadas, a confiança que o PT lhe conferiu ao longo dos anos.

Ao renegar a própria história e desonrar o mandato, Marta Suplicy desrespeita a militância que sempre a apoiou e destila ódio por não ter sido indicada candidata à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Finalmente, é triste ver que a senadora jogue fora a coerência cultivada como militante do PT e passe a se alinhar, de forma oportunista, com aqueles que sempre combateu e que sempre a atacaram”

Embora não tenha sido citado na nota, o partido pretende entrar na Justiça Eleitoral para reaver o mandato da senadora.

Em São Gonçalo, Marlos Costa poderá seguir o exemplo de Marta Suplicy

Filiado ao PT de São Gonçalo desde 2001 e exercendo seu segundo mandato na Câmara Municipal, o vereador Marlos Costa deverá seguir o exemplo da senadora Marta Suplicy.

Assim como Marta, o vereador também tem sido preterido no partido. Seu nome não é consenso no PT gonçalense para disputar a Prefeitura de São Gonçalo no ano que vem. Para viabilizar sua candidatura, Marlos pensa em se filiar a outra legenda.

Marlos também não esconde sua insatisfação com os escândalos de corrupção envolvendo o nome do seu partido. Recentemente, por conta da prisão do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, ele criticou sua agremiação política na plenária da Câmara:

“Hoje foi preso o tesoureiro nacional do partido do PT. Estou envergonhado, mais uma vez, com esses fatos lamentáveis que envolve o nome do Partido dos Trabalhadores. E quero deixar aqui registrado: ou o PT nacional toma providências imediatas no sentido de resgatar sua imagem que, no longo de anos, ele cultivou e perdeu rapidamente nesses 10 anos; no sentido da defesa da ética, da defesa da transparência, inclusive da punição de pessoas que cometam ilícitos e malfeitos ou o partido está destruído para sempre.”

Vale lembrar que a senadora Marta Suplicy também fez várias críticas públicas ao PT. Numa delas, disse: “Ou o PT muda ou acaba”.

Agora, só resta saber quando o vereador entregará sua carta de desfiliação ao PT gonçalense.

6 comentários:

  1. É bom ele sair mesmo. Se continuar no PT é arriscado ele não ganhar nem mais para vereador. O que seria uma pena, pois é um dos poucos vereadores que tem feito um bom trabalho na câmara.

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  2. Agora todos que sao do PT vao pular fora,eles sabem que no ano que vem o pt vai afundar o barco junto vao levar os seus deputados,o pt ja era ,agora para esta senhorita eu digo,que ela nao esta saiudo do pt nao por causa do escandalo,e sim e porque o partido nao apoia para a prefeitura de sp.Marta relaxa e goza , nsg

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  3. Talvez, o político mais sério de São Gonçalo. Acertada decisão, Marlos.

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  4. Por favor, faça isso!!!

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  5. Apoio a saída do Marlos.

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  6. Favor sair o mais rápido possível.
    Lembrando ... "saiba quem tu andas, que direi quem tu és..."

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