Dilma e o governador Luiz Fernando Pezão na mobilização contra o Aedes aegypti em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio - Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Neste sábado (13/02), em que foi realizado em mais de 350 cidades brasileiras um mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti, a presidente Dilma Rousseff afirmou no Rio, onde participou da ação contra o mosquito, que o país vive hoje o resultado de anos de abandono das políticas de saneamento.
– No passado ganhamos a guerra contra a febre
amarela, e vamos ganhar contra o zika vírus. Estamos correndo atrás de décadas
de abandono na questão do saneamento. Estamos fazendo esse esforço cientifico e
tecnológico no sentido de assegurar que tenhamos o mais rápido possível essa
vacina (contra o zika). Estamos colocando toda a estrutura do Ministério da
Saúde, toda a nossa estrutura de pesquisa, em busca de uma vacina – disse a
presidente.
Ao afirmar que “estamos correndo atrás de
décadas de abandono na questão do saneamento”, parece que a presidente Dilma se
“esqueceu” que o PT já está no poder há 13 anos. A pergunta que não quer calar
é: por que não atacaram este problema durante todo esse tempo que estão
governando? Esta falácia de Dilma só engana mesmo os inocentes.
Essa mobilização de hoje contra o mosquito só aconteceu por causa das
Olimpíadas. Vale destacar que vários atletas estrangeiros já declararam que
estão com medo de vir ao Rio. Fora isso, até rolou um papo de plano B, ou seja, de as Olimpíadas serem transferidas para Londres.
E se a Olimpíada do Rio for cancelada, com
certeza, será um acontecimento drástico para a imagem do nosso país. O mundo
inteiro tomará conhecimento da irresponsabilidade e incompetência do governo
brasileiro.
De qualquer forma, e mesmo consciente da grande
incompetência deste governo, espero que não aconteça o cancelamento das
Olimpíadas. Afinal, já foram e estão sendo gastos bilhões para a realização
deste evento esportivo.
E apesar de o mutirão contra o mosquito estar acontecendo
só agora, com muito atraso, apoio esta iniciativa do governo. Antes tarde do
que nunca.
E para encerrar, sugiro abaixo a leitura do
editorial de ontem (12/02) do jornal O Globo sobre a incompetência do governo
no combate ao mosquito Aedes aegypti.
Má gestão é um perigo tão grande
quanto o 'Aedes'
quanto o 'Aedes'
É maligna a conjugação da proliferação do mosquito Aedes aegypti
com uma conjuntura econômica crítica, de inflação alta, recessão profunda,
desemprego em ascensão e desarranjo nas contas públicas.
Tudo piora com outros sérios ingredientes: a incompetência em geral do poder
público e a impossibilidade de um governo permeável a corporações sindicais,
portanto avesso à adoção de arranjos modernos de administração, aprimorar a
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), junto com estados e municípios. Sem
isso, é impossível melhorar o atendimento de vítimas que se multiplicam de doenças
espalhadas pelo mosquito — zika, dengue, chicungunha, as mais conhecidas.
Apenas mais dinheiro não é o suficiente.
O roteiro é de filme de terror, porque, se tudo isto não bastasse, até agora
o maior número de grávidas infectadas pelo zika, e que deram à luz crianças com
microcefalia talvez causada pelo zika, está em áreas pobres do Nordeste, com
destaque para Pernambuco.
É o público com perfil de paciente do SUS, sistema que não tem condições de
atendê-lo como deveria. Principalmente as crianças.
Em toda essa história, há fatos gritantes, emblemáticos dos riscos que
correm a população. O mais recente é que o Ministério da Saúde faz cinco meses
não distribui kits para os exames de sorologia com a finalidade de identificar
a dengue, isso em meio a uma situação já decretada de “emergência mundial”,
pelo organismo de saúde (OMS) das Nações Unidas. Será difícil encontrar outro
caso tão adequado para exemplificar a imobilidade de uma máquina do Estado que
deveria, faz tempo, estar trabalhando com a competência e a velocidade
requeridas pelo momento. Mas nada ou pouco acontece, além dos discursos de
praxe. Marketing pode ganhar eleição, mas não vence uma crise de saúde pública
como esta.
Entre os estados que ainda não haviam recebido os kits até terça-feira,
encontravam-se Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, incluídos entre os que
apresentam o maior número de casos de dengue. Em São Paulo, o Instituto
Adolfo Lutz (IAL) usa kits que tinha em estoques, insuficientes para atender à
demanda, enquanto guarda amostras de sangue de 645 municípios do estado à
espera do teste.
Esta crise do mosquito demonstra ter a capacidade de desnudar, de forma
dramática, os problemas administrativos do SUS e o que restou de um Ministério
da Saúde usado sem qualquer cerimônia pelo lulopetismo no toma lá dá cá do
fisiologismo, para manter unida a base parlamentar do governo.
O atual ministro, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), é exemplar: médico
psiquiatra, sem qualquer registro curricular que justificasse o cargo, entrou
no lugar do petista Arthur Chioro para, em troca, o PMDB governista reforçar a
bancada anti-impeachment. Sem que houvesse qualquer preocupação, de fato, com a
saúde pública.
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