sábado, 13 de fevereiro de 2016

A INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO NO COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI


   Dilma e o governador Luiz Fernando Pezão na mobilização contra o Aedes aegypti em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio - Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Neste sábado (13/02), em que foi realizado em mais de 350 cidades brasileiras um mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti, a presidente Dilma Rousseff afirmou no Rio, onde participou da ação contra o mosquito, que o país vive hoje o resultado de anos de abandono das políticas de saneamento.

– No passado ganhamos a guerra contra a febre amarela, e vamos ganhar contra o zika vírus. Estamos correndo atrás de décadas de abandono na questão do saneamento. Estamos fazendo esse esforço cientifico e tecnológico no sentido de assegurar que tenhamos o mais rápido possível essa vacina (contra o zika). Estamos colocando toda a estrutura do Ministério da Saúde, toda a nossa estrutura de pesquisa, em busca de uma vacina – disse a presidente.

Ao afirmar que “estamos correndo atrás de décadas de abandono na questão do saneamento”, parece que a presidente Dilma se “esqueceu” que o PT já está no poder há 13 anos. A pergunta que não quer calar é: por que não atacaram este problema durante todo esse tempo que estão governando? Esta falácia de Dilma só engana mesmo os inocentes.

Essa mobilização de hoje contra o mosquito só aconteceu por causa das Olimpíadas. Vale destacar que vários atletas estrangeiros já declararam que estão com medo de vir ao Rio. Fora isso, até rolou um papo de plano B, ou seja, de as Olimpíadas serem transferidas para Londres.

E se a Olimpíada do Rio for cancelada, com certeza, será um acontecimento drástico para a imagem do nosso país. O mundo inteiro tomará conhecimento da irresponsabilidade e incompetência do governo brasileiro.

De qualquer forma, e mesmo consciente da grande incompetência deste governo, espero que não aconteça o cancelamento das Olimpíadas. Afinal, já foram e estão sendo gastos bilhões para a realização deste evento esportivo.

E apesar de o mutirão contra o mosquito estar acontecendo só agora, com muito atraso, apoio esta iniciativa do governo. Antes tarde do que nunca.

E para encerrar, sugiro abaixo a leitura do editorial de ontem (12/02) do jornal O Globo sobre a incompetência do governo no combate ao mosquito Aedes aegypti.

Má gestão é um perigo tão grande
quanto o 'Aedes'


É maligna a conjugação da proliferação do mosquito Aedes aegypti com uma conjuntura econômica crítica, de inflação alta, recessão profunda, desemprego em ascensão e desarranjo nas contas públicas.

Tudo piora com outros sérios ingredientes: a incompetência em geral do poder público e a impossibilidade de um governo permeável a corporações sindicais, portanto avesso à adoção de arranjos modernos de administração, aprimorar a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), junto com estados e municípios. Sem isso, é impossível melhorar o atendimento de vítimas que se multiplicam de doenças espalhadas pelo mosquito — zika, dengue, chicungunha, as mais conhecidas. Apenas mais dinheiro não é o suficiente.

O roteiro é de filme de terror, porque, se tudo isto não bastasse, até agora o maior número de grávidas infectadas pelo zika, e que deram à luz crianças com microcefalia talvez causada pelo zika, está em áreas pobres do Nordeste, com destaque para Pernambuco.

É o público com perfil de paciente do SUS, sistema que não tem condições de atendê-lo como deveria. Principalmente as crianças.

Em toda essa história, há fatos gritantes, emblemáticos dos riscos que correm a população. O mais recente é que o Ministério da Saúde faz cinco meses não distribui kits para os exames de sorologia com a finalidade de identificar a dengue, isso em meio a uma situação já decretada de “emergência mundial”, pelo organismo de saúde (OMS) das Nações Unidas. Será difícil encontrar outro caso tão adequado para exemplificar a imobilidade de uma máquina do Estado que deveria, faz tempo, estar trabalhando com a competência e a velocidade requeridas pelo momento. Mas nada ou pouco acontece, além dos discursos de praxe. Marketing pode ganhar eleição, mas não vence uma crise de saúde pública como esta.

Entre os estados que ainda não haviam recebido os kits até terça-feira, encontravam-se Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, incluídos entre os que apresentam o maior número de casos de dengue. Em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) usa kits que tinha em estoques, insuficientes para atender à demanda, enquanto guarda amostras de sangue de 645 municípios do estado à espera do teste.

Esta crise do mosquito demonstra ter a capacidade de desnudar, de forma dramática, os problemas administrativos do SUS e o que restou de um Ministério da Saúde usado sem qualquer cerimônia pelo lulopetismo no toma lá dá cá do fisiologismo, para manter unida a base parlamentar do governo.

O atual ministro, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), é exemplar: médico psiquiatra, sem qualquer registro curricular que justificasse o cargo, entrou no lugar do petista Arthur Chioro para, em troca, o PMDB governista reforçar a bancada anti-impeachment. Sem que houvesse qualquer preocupação, de fato, com a saúde pública.


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