De acordo com matéria publicada na última edição da revista ISTOÉ, o partido de Marina Silva, Rede Sustentabilidade, nestas eleições,
selou aliança em algumas cidades com o Partido Social Cristão (PSC), do ninguém
menos ninguém mais, Jair Bolsonaro.
Quem não gostou nadica dessa aliança foi a juventude da
legenda, como relata mais abaixo o texto da matéria.
Em São
Gonçalo, a Rede – que tem o nome de Diego São Paio como
pré-candidato à Prefeitura – não se aliou ao PSC.
Leia abaixo o texto transcrito da revista ISTOÉ sobre a
polêmica aliança:
Rede de contradições
Por Ary Filgueira
O estatuto da Rede Sustentabilidade é a expressão do desejo acalentado pelo
partido em encarnar uma espécie de nova política. No mundo ideal descrito pelo
documento da Rede, as decisões são horizontais e os anseios da militância
preservados. Em cada tópico, a legenda se comporta como se tivesse ojeriza às
alianças partidárias tradicionais, o que seria louvável levando-se em conta que
hoje as parcerias são norteadas quase sempre por oportunismos eleitorais em
detrimento dos aspectos programáticos. O artigo 104 do documento, por exemplo,
veda qualquer realização de atividades de campanha eleitoral ou peças
publicitárias com candidatos de outros partidos sem que antes seja submetida à
aprovação durante convenção. Nem as chamadas dobradinhas políticas – quando
esse apoio a candidatos da Rede ocorre de forma extraoficial – são permitidas
de acordo com o manual de conduta do partido de Marina Silva, candidata
declarada à presidência da República.
O estatuto que rege e orienta os 20 mil filiados da Rede, no entanto, não
resiste às tentações da velha política que suas letras frias condenam. Não foi
suficiente, por exemplo, para poupar a agremiação de parcerias consideradas
constrangedoras para parte de seus militantes. É o que o acontece em ao menos
duas capitais brasileiras e na cidade de Guarulhos (SP), importante colégio
eleitoral, onde o partido disputará eleição de prefeito com a polêmica aliança
entre Rede e PSC, partido de Jair Bolsonaro e de Marco Feliciano.
Carta
contendo críticas à parceria com o PSC foi assinada por cem filiados à Rede, segundo o coordenador de ativismo, Rafael Lira
O mais insensato desta união é que no Senado a Rede é representada por
Randolfe Rodrigues, que tem um histórico de desavenças com Jair Bolsonaro,
convertido ao PSC. A parceria entre as duas legendas será reproduzida também no
pleito pelo comando de Macapá, capital do estado do Amapá. Candidato à
reeleição, o prefeito Clécio Luís (Rede) já até posou sorrindo e de ombro
colado ao do deputado estadual Pedro da Lua (PSC). Conhecido por sua atuação
nada ortodoxa, Da Lua acaba de ser absolvido pelo Tribunal de Justiça do Amapá
do crime de difamação por ter chamado o senador João Capiberibe (PSB) de
“cramulhão”, em uma entrevista a uma rádio local. Capi, como é conhecido, é
amigo de Marina Silva. Os apoios devem ser confirmados em convenção nesta sexta
5. Em Curitiba, a Rede discute se lança uma chapa com o PMDB para
concorrer à Prefeitura da capital paranaense.
A Rede se associou ao PSC de Bolsonaro para lançar a pré-candidatura de
Gustavo Guti (PSB) à prefeitura de Guarulhos (SP). Nos últimos dias, a
juventude da Rede mandou à direção do partido uma nota de repúdio à aliança. A
carta informa que a parceria coloca que em xeque os valores da legenda. Segundo
o coordenador de Ativismo e Movimentos Sociais da Rede em São Paulo, Rafael Lira,
o documento foi assinado por mais de cem filiados “Tem uma incompatibilidade
enorme”. Lira aposta que Marina “jamais” topará divir palanque com o Bolsonaro.
O histórico de incoerências da principal expressão nacional da Rede, no
entanto, recomenda cautela às assertivas.
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