sábado, 10 de setembro de 2016

SÃO GONÇALO É RESPONSÁVEL POR TORNAR O DESLOCAMENTO DOS NITEROIENSES MAIS DIFÍCIL, DIZ ESTUDO DA FIRJAN

Hora do rush em Nietrói - Foto: Paulo Jacob


Assunto sério sobre mobilidade urbana que os candidatos a prefeito de São Gonçalo não podem ignorar.

Abaixo, matéria publicada ontem (09/09) pelo jornal O Globo sobre o estudo da Firjan, em que aponta São Gonçalo como um dos fatores que torna a ida e volta do trabalho mais difícil para niteroienses.

ESTUDO APONTA QUE O DESLOCAMENTO
 ESTÁ MAIS DIFÍCIL PARA NITEROIENSES

Por Fábio Teixeira

Todo dia é a mesma coisa. Às nove da manhã ou sete da noite, o tempo de travessia na Ponte Rio-Niterói sai dos usuais 13 minutos para atingir 30 minutos ou até uma hora. Este problema diário enfrentado pelos moradores do município é o sintoma de uma tendência identificada pela Firjan em um estudo publicado semana passada. O documento mostra que o tempo de deslocamento no trajeto casa-trabalho-casa está mais difícil. Em 2013, ano analisado na pesquisa, 61,7% da população que possui emprego perdiam mais de 30 minutos no trânsito. Este percentual foi o 11º dentre todos os 92 municípios do estado. Niteroienses dentro deste grupo perdem em média 131 minutos por dia no deslocamento, 7,4% a mais que o tempo aferido na pesquisa anterior, em 2011, quando eram perdidos 122 minutos por dia.

— O principal fator que impacta o tempo de deslocamento casa-trabalho-casa é a concentração de empregos, inclusive no próprio município, que atrai toda a movimentação para a região central. Além disso, Niterói sofre o impacto do deslocamento de São Gonçalo para o município ou para o Rio de Janeiro — afirma Leonardo Ribeiro, assistente de Estudos de Infraestrutura da Firjan.

Em comparação com o morador do Rio de Janeiro ou de São Gonçalo, porém, o niteroiense ainda sai com vantagem em termos de mobilidade. Em São Gonçalo, o percurso casa-trabalho-casa durava em média 129 minutos em 2011. Em 2013, já estava em 139 minutos. No Rio, ele era de 124 minutos em 2011, mas saltou para 134 minutos em 2013.

De acordo com Ribeiro, o problema se agrava pelo fato de que grande parte dos deslocamentos é realizada nos mesmos horários e sentidos — em geral em direção ao Rio de Janeiro, pela Ponte Rio-Niterói ou pelo sistema de barcas, considerado restrito pela Firjan.

— Isso provoca a saturação do sistema viário, potencializando o excesso de tempo perdido em trânsito. Niterói sofre esse impacto devido à fragilidade das conexões, em especial com o Rio de Janeiro.


São Gonçalo gera nó no trânsito de Niterói


Não é só mais tempo perdido no trânsito, mas também mais pessoas que estão perdendo seu tempo. Em 2011, eram 136.700 moradores de Niterói que perdiam mais do que 30 minutos no deslocamento diário. Em 2013, já eram 139 mil — um aumento de 1,7% no período. Para Ribeiro, isto mostra que o município precisa se esforçar mais para deixar o trabalho e os principais serviços mais perto dos moradores de cada região.

— O crescimento municipal precisa ser acompanhado pela redistribuição da oferta de funções urbanas: empregos, educação, saúde, saneamento, lazer e serviços em geral. Isso evita que parcela expressiva da população precise percorrer longas distâncias ou vias muito congestionadas para realizar suas atividades. Essa redistribuição evita, também, que os deslocamentos ocorram nos mesmos horários e sentidos, o que causa a saturação do sistema viário.

Para o especialista, porém, para que houvesse uma melhora significativa no trânsito, esta redistribuição deveria ocorrer também em São Gonçalo. Atualmente, a migração diária entre as duas cidades é de 120 mil pessoas, a segunda maior do Brasil, de acordo com estudo de 2015 do IBGE. Richele Cabral, diretora de Mobilidade da Fetranspor, que representa as empresas de transporte público do estado, afirma que Niterói tem tomado decisões acertadas na área de mobilidade, mas enfatiza que sem uma conexão mais eficiente para os moradores de São Gonçalo, o problema continuará:

— Os moradores da Região Oceânica vão sentir a melhora quando o BHLS Transoceânico começar a funcionar. Mas onde não há prioridade para o transporte público, a tendência é ficar caótico com a passagem do tempo.

Segundo ela, o congestionamento é causado por uma falta de priorização do transporte público. O fato de o ônibus ocupar a mesma pista dos automóveis, seria o principal entrave.

— Hoje, 15% da frota que as empresas de ônibus têm na rua são para tentar contornar os efeitos dos congestionamentos — afirma.

Richele aponta que, por ser de 2013, o estudo da Firjan não leva em conta as melhorias que surgiram com a conclusão de obras viárias nos últimos três meses no Rio. Para ela, é possível que, por conta disso, o tempo perdido pelo niteroiense no trânsito caia em 2016.

De acordo com a diretora, o problema de deslocamento do morador de Niterói poderia ser resolvido com a criação de linhas de BRT na RJ- 104, na RJ-106, na Ponte Rio-Niterói e no que seria o traçado da Linha 3 do metrô.

— A proposta da Festranspor é que a Linha 3, que é um projeto há muito tempo no papel, seja substituída por uma linha de BRT. Em praticamente dois anos você consegue implantar um BRT ali. Com isso, seria possível concentrar a população de São Gonçalo no BRT da Linha 3 e no da RJ-104 — diz.

Em 2015, o governo do estado chegou a levantar a possibilidade de substituir os planos de uma ligação metroviária entre Rio de Janeiro e Niterói por uma linha de BRT. A mudança, porém, foi descartada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Marco Capute.


Um comentário:

  1. É bom lembrar que São Gonçalo tem o dobro de população em relação a Niterói. É normal que uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes gere engarrafamentos. Mas Niterói tem uma média de automóveis por habitantes bem superior em relação a São Gonçalo, então não existe culpa.

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