Hora do rush em Nietrói - Foto: Paulo Jacob
Assunto sério sobre mobilidade urbana que os
candidatos a prefeito de São Gonçalo não podem ignorar.
Abaixo, matéria publicada ontem (09/09) pelo jornal O Globo
sobre o estudo da Firjan, em que aponta São Gonçalo como um dos fatores que
torna a ida e volta do trabalho mais difícil para niteroienses.
ESTUDO APONTA QUE O DESLOCAMENTO
ESTÁ MAIS DIFÍCIL PARA NITEROIENSES
ESTÁ MAIS DIFÍCIL PARA NITEROIENSES
Por Fábio Teixeira
Todo dia é a mesma coisa. Às nove da manhã ou sete da noite, o tempo de
travessia na Ponte Rio-Niterói sai dos usuais 13 minutos para atingir 30
minutos ou até uma hora. Este problema diário enfrentado pelos moradores do
município é o sintoma de uma tendência identificada pela Firjan em um estudo
publicado semana passada. O documento mostra que o tempo de deslocamento no
trajeto casa-trabalho-casa está mais difícil. Em 2013, ano analisado na
pesquisa, 61,7% da população que possui emprego perdiam mais de 30 minutos no
trânsito. Este percentual foi o 11º dentre todos os 92 municípios do estado.
Niteroienses dentro deste grupo perdem em média 131 minutos por dia no
deslocamento, 7,4% a mais que o tempo aferido na pesquisa anterior, em 2011,
quando eram perdidos 122 minutos por dia.
— O principal fator que impacta o tempo de deslocamento
casa-trabalho-casa é a concentração de empregos, inclusive no próprio
município, que atrai toda a movimentação para a região central. Além disso,
Niterói sofre o impacto do deslocamento de São Gonçalo para o município ou para
o Rio de Janeiro — afirma Leonardo Ribeiro, assistente de Estudos de
Infraestrutura da Firjan.
Em comparação com o morador do Rio de Janeiro ou de São Gonçalo, porém,
o niteroiense ainda sai com vantagem em termos de mobilidade. Em São Gonçalo, o
percurso casa-trabalho-casa durava em média 129 minutos em 2011. Em 2013, já
estava em 139 minutos. No Rio, ele era de 124 minutos em 2011, mas saltou para
134 minutos em 2013.
De acordo
com Ribeiro, o problema se agrava pelo fato de que grande parte dos
deslocamentos é realizada nos mesmos horários e sentidos — em geral em direção
ao Rio de Janeiro, pela Ponte Rio-Niterói ou pelo sistema de barcas,
considerado restrito pela Firjan.
— Isso provoca a saturação do sistema viário, potencializando o excesso
de tempo perdido em trânsito. Niterói sofre esse impacto devido à fragilidade
das conexões, em especial com o Rio de Janeiro.
São Gonçalo gera nó no trânsito de Niterói
Não é só mais tempo perdido no trânsito, mas também mais pessoas que
estão perdendo seu tempo. Em 2011, eram 136.700 moradores de Niterói que
perdiam mais do que 30 minutos no deslocamento diário. Em 2013, já eram 139 mil
— um aumento de 1,7% no período. Para Ribeiro, isto mostra que o município
precisa se esforçar mais para deixar o trabalho e os principais serviços mais
perto dos moradores de cada região.
— O crescimento municipal precisa ser acompanhado pela redistribuição da
oferta de funções urbanas: empregos, educação, saúde, saneamento, lazer e
serviços em geral. Isso evita que parcela expressiva da população precise
percorrer longas distâncias ou vias muito congestionadas para realizar suas
atividades. Essa redistribuição evita, também, que os deslocamentos ocorram nos
mesmos horários e sentidos, o que causa a saturação do sistema viário.
Para o especialista, porém, para que houvesse uma melhora significativa
no trânsito, esta redistribuição deveria ocorrer também em São Gonçalo.
Atualmente, a migração diária entre as duas cidades é de 120 mil pessoas, a segunda
maior do Brasil, de acordo com estudo de 2015 do IBGE. Richele Cabral, diretora
de Mobilidade da Fetranspor, que representa as empresas de transporte público
do estado, afirma que Niterói tem tomado decisões acertadas na área de
mobilidade, mas enfatiza que sem uma conexão mais eficiente para os moradores
de São Gonçalo, o problema continuará:
— Os moradores da Região Oceânica vão sentir a melhora quando o BHLS
Transoceânico começar a funcionar. Mas onde não há prioridade para o transporte
público, a tendência é ficar caótico com a passagem do tempo.
Segundo ela, o congestionamento é causado por uma falta de priorização
do transporte público. O fato de o ônibus ocupar a mesma pista dos automóveis,
seria o principal entrave.
— Hoje, 15% da frota que as empresas de ônibus têm na rua são para
tentar contornar os efeitos dos congestionamentos — afirma.
Richele aponta que, por ser de 2013, o estudo da Firjan não leva em
conta as melhorias que surgiram com a conclusão de obras viárias nos últimos
três meses no Rio. Para ela, é possível que, por conta disso, o tempo perdido
pelo niteroiense no trânsito caia em 2016.
De acordo com a diretora, o problema de deslocamento do morador de
Niterói poderia ser resolvido com a criação de linhas de BRT na RJ- 104, na
RJ-106, na Ponte Rio-Niterói e no que seria o traçado da Linha 3 do metrô.
— A proposta da Festranspor é que a Linha 3, que é um projeto há muito
tempo no papel, seja substituída por uma linha de BRT. Em praticamente dois
anos você consegue implantar um BRT ali. Com isso, seria possível concentrar a
população de São Gonçalo no BRT da Linha 3 e no da RJ-104 — diz.
Em 2015, o governo do estado chegou a levantar a possibilidade de
substituir os planos de uma ligação metroviária entre Rio de Janeiro e Niterói
por uma linha de BRT. A mudança, porém, foi descartada pelo secretário de
Desenvolvimento Econômico, Marco Capute.
É bom lembrar que São Gonçalo tem o dobro de população em relação a Niterói. É normal que uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes gere engarrafamentos. Mas Niterói tem uma média de automóveis por habitantes bem superior em relação a São Gonçalo, então não existe culpa.
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